segunda-feira, 4 de junho de 2012

ECONOMIA ECOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

Economia e Mercado
Economia Ecologica






O que vocês pensam sobre economia ecologica?

ECONOMIA ECOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

O presente texto objetiva apontar a existência ou não de incompatibilidade entre crescimento econômico e a preservação dos recursos ambientais, bem como compreender a área de estudo da  economia ecológica, pois é fundamental que as empresas passem a se preocupar mais com as questões ambientais. Além disso, sinalizar novos caminhos para o surgimento de organizações sustentáveis que se preocupem com a inovação tecnológica, a utilização de recursos renováveis e um ambiente equilibrado para a atual geração e as gerações futuras.

Temos a necessidade, num primeiro momento, de contextualizar quando começou a preocupação com a economia ecológica no mundo. No final dos anos 60 e anos 70, a emergência do movimento ambientalista e o choque do petróleo fizeram dos recursos naturais, da energia e do ambiente em geral um tema de importância econômica, social e política, o qual pode ser chamado Questão Ambiental. Tal critica apontava para um conflito entre o modelo de desenvolvimento econômico vigente e a falta de preservação dos recursos ambientais que, naquele ritmo, culminaria na limitação do próprio crescimento econômico.

Neste processo, é de grande destaque o impacto do Clube de Roma, com a publicação de "The Limits to Growth", o Relatório Meadows, de 1972. Tal trabalho aponta para um cenário catastrófico de impossibilidade de perpetuação do crescimento econômico devido à exaustão dos recursos ambientais por ele acarretada, levantando assim, à proposta de um crescimento econômico zero.

O debate foi levado para uma Conferência em Estocolmo em 1972, onde foi desenvolvida a tese do Ecodesenvolvimento, segundo a qual desenvolvimento econômico e preservação ambiental não são incompatíveis, mas, ao contrário, são interdependentes para um efetivo desenvolvimento.

Todo esse debate resulta na proposição do Desenvolvimento Sustentável, que deve ser entendido pela eficiência econômica, equilíbrio ambiental e também pela eqüidade social. De um modo geral, Desenvolvimento Sustentável hoje é ponto de passagem obrigatória no debate econômico, representando o ponto maior da penetração da Questão Ambiental na Economia. A partir dessa crítica ambientalista do final dos anos 60 e anos 70, surge a raiz do que se constituiu a Economia Ecológica, a qual traz, na ordem do dia, a Questão Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável.

A Economia Ecológica é uma área de estudo ainda em constituição que, apesar de reconhecida como fundamental para o estudo dos problemas ambientais contemporâneos, encontra dificuldades em se definir e afirmar no campo interdisciplinar onde pretende se inserir.

Para Mauricio de Carvalho (2009) a Economia Ecológica reconhece que o sistema econômico contemporâneo é ecologicamente desequilibrado, ou seja, que este modelo de crescimento conduz a uma utilização material e energética dos recursos ambientais que não é sustentável. Esse é o senso crítico unificado entre os estudiosos de economia ecológica.

Por essa razão, a Economia Ecológica não é uma teoria pronta e unificada, e sim um campo transdisciplinar de saberes que se unifica pela busca plural da compreensão do que é e como é a relação entre economia e ecologia. Dito de outro modo, o pluralismo metodológico sempre foi pedra angular da Economia Ecológica.

Esse pluralismo traz para a Economia Ecológica seu importante traço multidisciplinar, fazendo com que, de fato, dela participem portadores de saberes de diferentes disciplinas, que não apenas a economia. Contudo, o  objeto é o sistema econômico em sua interação ecológica com o mundo e, portanto, a economia, enquanto área do saber, se coloca centralmente.

A Economia Ecológica distinguisse tanto da "economia convencional" quanto da "ecologia convencional". Busca a integração entre as disciplinas da economia e ecologia, e demais disciplinas correlacionadas para uma análise integrada dos dois sistemas. Deste modo, na Economia Ecológica encontramos diversas abordagens, ora se aproximando mais da economia, ora mais da ecologia. Inúmeras são as formas propostas de incorporação dos princípios biofísicos, assim como também são diversos os princípios econômicos elencados  o que faz com que a Economia Ecológica mostre-se como um campo heterogêneo dentro de seu propósito comum.

Apesar de sua heterogeneidade, alguns aspectos são de reconhecimento geral como elementos unificadores. Para entendermos o funcionamento do sistema econômico e de suas relações com os recursos ambientais, é fundamental a compreensão de seus fluxos e balanços materiais e energéticos. Daí, a importância dos princípios biofísicos, especialmente, os princípios termodinâmicos - Lei da Conservação (Primeira Lei da Termodinâmica) e Lei de Entropia (Segunda Lei da Termodinâmica).

Outro aspecto está em seu esforço de compatibilização entre economia e ecologia. A questão que se coloca para a Economia Ecológica está justamente na busca da determinação da sustentabilidade desta interação, delineando as condições de estabilidade das diversas funções ecológicas, particularmente, a capacidade do ambiente em oferecer recursos naturais para o funcionamento do sistema econômico e em absorver seus rejeitos.

 Neste particular, a Economia Ecológica não partilha do ceticismo ecológico, que vê tais limites como iminentes e intransponíveis, pois ela reconhece que o progresso tecnológico pode promover a superação de limites naturais pelo aumento de eficiência e pela substituição de recursos exauríveis por renováveis.


Ademais, a Economia Ecológica não partilha do otimismo tecnológico, o qual entende as restrições naturais como um problema menor, uma vez que, tais restrições sempre hão de ser superadas pela tecnologia. Portanto, a Economia Ecológica reconhece que o progresso tecnológico de fato ocorre, mas dentro de certos limites fisicamente possíveis.

Assim, a Economia Ecológica não adota nenhuma posição a priori quanto à existência ou não de limites ambientais ao crescimento econômico, e sim, uma posição de ceticismo prudente, a qual busca justamente delimitar as escalas em que as restrições ambientais podem constituir limites efetivos às atividades econômicas.

De maneira geral, em sua diversidade interior, podemos encontrar na Economia Ecológica posições que variam de um extremo mais próximo à ecologia convencional a outro extremo mais próximo à economia convencional. Enfim, a Economia Ecológica é um campo disciplinar ainda relativamente novo, que vem encontrando um desenvolvimento rápido e intenso, abrindo vários caminhos de investigação e buscando amadurecer e consolidar sua estrutura analítica teórica e seus instrumentos e ferramentas. Contudo, este é um esforço que demanda ainda muito trabalho e cooperação daqueles que, não apenas na comunidade acadêmica, mas também nas instituições gestoras de políticas, nas organizações não-governamentais e no meio empresarial, possam se dedicar à busca de uma equação de sustentabilidade no desenvolvimento econômico com o meio-ambiente.

Não se pode negar que o termo sustentabilidade é uma das palavras da moda no mundo corporativo, porém nem sempre é entendida ou aplicada de uma forma correta. Uma empresa sustentável é aquela que continua gerando lucros para seus proprietários sem causar impactos negativos aos outros clientes internos e externos da empresa.

Segundo Barbiere (2010), a mais famosa definição de desenvolvimento sustentável e foi dada em uma Assembléia da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1983, onde o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades. È preciso ir além, e termos empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

Ainda para Barbiere (2010) o modelo de organização inovadora sustentável é uma resposta às pressões institucionais por uma organização que seja capaz de inovar com eficiência em termos econômicos, mas com responsabilidade social e ambiental. Esse tipo de organização busca vantagem competitiva desenvolvendo produtos, serviços, processos e negócios, novos ou modificados, com base nas dimensões social, ambiental e econômica. Ela reúne duas características essenciais: é inovadora e orientada para a sustentabilidade.

 O modelo das organizações inovadoras sustentáveis vem ganhando rapidamente cada vez mais espaço nas empresas líderes, pois é factível alcançar esses objetivos. Esses fatos permitem dizer que o movimento do desenvolvimento sustentável é um dos movimentos mais importantes do nosso tempo e, a julgar pela vitalidade dos fatores institucionais presentes em praticamente todo o mundo, podemos inferir que ele continuará se propagando por muitas décadas.

Desse modo, o aprimoramento dos modelos de organização sustentáveis, as diversas formas da sua institucionalização em âmbito global, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, a gestão de inovações para o desenvolvimento sustentável, serão temas cada vez mais importantes nos estudos futuros.

Talvez um aspecto, em geral, negligenciado nos modelos de organização sustentável refere-se ao consumo. O aumento da produção pelo incitamento à demanda por novos produtos pode neutralizar ou até superar os ganhos que as inovações tecnológicas produzem em termos de redução no uso de recursos e de emissões de poluentes. Levar em conta essa possibilidade dando-lhe um tratamento adequado é um dos maiores desafios para o alinhamento das empresas ao modelo de organização inovadora sustentável.

Crescimento por si só não basta. Crescimento, para que constitua base de um Desenvolvimento Sustentável, tem de ser socialmente regulado, com base em critérios de equidade e justiça social. Em um mundo materialmente finito, isso implica que se tenha que rever e regular a desigualdade de acesso aos benefícios diretos e indiretos do uso dos recursos ambientais e naturais, decorrente e associada à profunda desigualdade no padrão de consumo, entre os mais ricos e os mais pobres.

Por fim, a economia ecológica estuda a alocação dos recursos disponíveis visando o uso sustentável dos mesmos pelas gerações presentes e futuras. As empresas devem estar preparadas ou se preparando para essa nova realidade. E, como diz, um expoente da economia convencional: “you cannot negotiate with nature” ou seja, “você não pode negociar com a natureza”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário